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Sete novos insetos descobertos na Mata do Buçaco

11 dezembro, 2015

Sete novos insetos descobertos na Mata do Buçaco

Sete novas espécies de insetos foram recentemente identificadas, por especialistas da Universidadede Aveiro, na Mata Nacional do Buçaco. Ao todo, na referida serra do concelho da Mealhada, haverá pelo menos 1258 catalogadas, sendo que 219 destas surgiram na sequência do trabalho ali desenvolvido, nos últimos quatro anos, por colaboradores do projeto BRIGHT (Bussaco´s Recovery from Invasions Generating Habitat Threats).

A descoberta das novas espécies, que os entomólogos acreditam apenas existir no Buçaco, foi anunciada no decorrer de uma palestra dos biólogos Tatiana Pinhal (Universidade de Aveiro) e João Moreira (Universidade do Porto) sobre os insetos da referida Mata Nacional e a sua relevância para a conservação. Uma intervenção integrada nas jornadas do Sement Event, promovidas pelo grupo de trabalho do BRIGHT, da Fundação Mata do Buçaco (FMB), decorridas recentemente no Luso.

Para além dos sete novos insetos, que estão neste momento a ser alvo de estudo na Bélgica, os especialistas em entomologia (parte da zoologia que estuda os insetos) identificaram também no Buçaco outras espécies raras como a formiga Solenopsis lusitanica Emery e o escaravelho Anoplodera sexguttata e espécies protegidas pela união europeia como o longicórnio Cerambyx cerdo mirbecki, vaca-loura, borboletas Euphydryas auriniaEuplagia quadripunctariaou e a lesma Geomalacus maculosus Allman, que, segundo Tatiana Pinhal, "viram na Mata Nacional um oásis para a sua sobrevivência e para a sua conservação".

A bióloga, que classifica a descoberta dos sete novos insetos como uma "enorme surpresa", salienta que "os invertebrados são imensamente diversos no Buçaco" e muito importantes porquanto "permitem relevar a importância da Mata Nacional para a preservação de uma biodiversidade em declínio e colmatar a escassez de informação destes grupos taxonómicos para o centro do país".

Outras informações:

  • A Serra do Buçaco, localizada na zona centro de Portugal, encontra-se bastante marcada pela acção humana. As atividades associadas à silvicultura intensiva de pinheiro-bravo e eucalipto e, mais recentemente, os impactos notórios do nemátodo do pinheiro e espécies invasoras como as acácias, constituem importantes factores de perturbação, levando à perda e fragmentação de habitats. Contudo, a proximidade a importantes centros urbanos, o relativo isolamento orográfico e o microclima tornaram o Buçaco num polo de atracção e um modelo para o estudo dos invertebrados em Portugal.
  • O estudo da fauna e flora do Buçaco é contemporâneo com as primeiras explorações entomológicas sistemáticas em Portugal, remontando a 1870.
  • No âmbito do projeto BRIGHT/ Life + , tem-se procurado reunir todas as informações sobre os grupos invertebrados de forma a estabelecer um patamar de conhecimento da biodiversidade desta serra, o que por vezes tem resultado em descobertas surpreendentes.
  • As sete espécies apenas conhecidas da Mata Nacional do Buçaco: escaravelhos (Coleoptera) Abromus lusoensis (Coiffait, 1984), Euconnus fageli (Franz, 1960), Hesperotyphlus beirensis Coiffait, 1964, Hesperotyphlus vicinus Coiffait, 1964, Hyllaena lusitanica Fagel, 1960, Pselaphostomus bussacensis bussacensis (Dodero, 1919), Stenus bussacoensis Puthz, 1971 e ainda o colêmbolo Pseudosinella gamae Gisin, 1967.
  • Outras espécies raras como a formiga Solenopsis lusitanica Emery, 1915 ou o escaravelho Anoplodera sexguttata (Fabricius, 1775) encontram neste local um lar ideal. Mas não foram as únicas. Espécies protegidas pela união europeia como o longicórnio Cerambyx cerdo mirbecki (Lucas, 1842), a vaca-loura (Lucanus cervus (Linnaeus, 1758)), as borboletas Euphydryas aurinia (Rottemburg, 1775) e a Euplagia quadripunctaria (Poda, 1761) ou ainda a lesma Geomalacus maculosus Allman, 1843 viram na Mata Nacional do Buçaco um oásis para a sua sobrevivência e conservação.
  • Os invertebrados estão fortemente ligados ao nosso dia-a-dia sendo uma base dos serviços aos ecossistemas, controlando pragas, controlo da fitossanidade das culturas silvícolas, agrícolas e florestais. Além disso, são excelentes bioindicadores da qualidade dos solos e das águas por serem bastante suscetíveis às alterações bioquímicas do meio, sendo que podem ajudar-nos de forma mais imediata a perceber as carências dos habitats e os impactos nos habitats. Os invertebrados são imensamente diversos e permitem ainda relevar a importância da Mata Nacional do Buçaco para a preservação de uma biodiversidade em declínio e colmatar a escassez de informação destes grupos taxonómicos para o centro do país.

 

Press - Ficheiro PDF Press Release - 01 dezembro 2018






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