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Presidente da Câmara centrou discurso na "invasão" da troika e no "ataque" ao Poder Local

30 abril, 2012

Presidente da Câmara centrou discurso na

O 38º aniversário da Revolução dos Cravos foi assinalado no município da Mealhada, tendo início a 24 de Abril com um concerto da Banda Filarmónica Lyra Barcoucense, conduzido pelo maestro Pedro Cipriano e terminou, na quarta-feira, dia 25, com as habituais comemorações do Dia da Liberdade. Na sessão solene da Assembleia Municipal da Mealhada, realizada pela manhã, no Salão Nobre dos Paços do Concelho, os discursos foram marcados por diferentes perspectivas, divididos entre palavras de desilusão e de esperança. O Presidente da Câmara, Carlos Cabral, focou a sua retórica naquilo que chama a “invasão” da troika e na importância do Poder Local, “uma grande conquista do 25 de Abril que está a ser repelida”, sustentou.

Para o Presidente da Câmara Municipal, “o 25 de Abril trouxe um paradigma”. Carlos Cabral considerou que “a mentalidade do povo português mudou” e “é hoje mais instruído, mais culto, mais politizado e tem consciência plena do quer para o país”. Contudo, se outrora perante a crise soubemos “repelir os ocupantes, lutar contra os invasores” – disse recuando ao tempo de D. Afonso Henriques e, mais tarde, à Batalha do Buçaco –, actualmente “estamos ocupados por funcionários de sétima categoria”, comentou referindo-se à troika. Na sua perspectiva, “agora também temos que repelir os invasores, através do nosso trabalho, da nossa luta, da nossa consciência”. Carlos Cabral admitiu que vivemos “um momento de crise” e que “sozinhos temos dificuldade” de o ultrapassar, mas “há mais vida para além da crise e há mais vida para além da troika!”, afirmou. O autarca sublinhou que “temos a noção que há que cumprir as obrigações que assumimos, mas não podemos fugir além daquilo que nos foi imposto!” e “não podemos aceitar que esses senhores da troika venham pregar para Lisboa, em Lisboa mandamos nós!”.

O Presidente da Câmara repudiou a conferência de imprensa, dada pelos membros da troika, em Maio último, para apresentar o plano de austeridade a que os portugueses serão sujeitos nos próximos três anos. “Temos que dizer a este Governo, ao Governo passado e aos Governos futuros que não permitimos que funcionários de sétima categoria dêem conferências de imprensa antes dos nossos representantes, isto é inaceitável!”, ressaltou o edil comparado o evento a outro período da história, a Convenção de Sintra. Carlos Cabral prosseguiu o seu discurso tecendo duras críticas à forma como está a ser tratado o Poder Local, “a grande conquista do 25 de Abril” que está a ser “repelida” pela Reforma da Administração Local. O autarca contestou com uma série de questões para reflectir: “O que era deste país se não fosse o Poder Local? Ponham de lado e perguntem o que é que Portugal fez? Como é que se admite o combate, a destruição contra o Poder Local e quem são esses senhores que dizem que as Câmaras e as Juntas de Freguesia têm que ser reduzidas? Que exemplos deram eles nas autarquias em que foram autarcas?”.

O edil desafiou alguns “compatriotas” membros do Governo, deste e do anterior, para que “apresentem ao povo o que fizeram e que situação tinha a Câmara por onde passaram, que digam se alguma vez foram Presidentes de Junta de Freguesia”. Carlos Cabral concluiu dizendo que “os autarcas não têm medo do exemplo deles, porque o exemplo deles é zero e há Câmaras Municipais neste país que dão exemplo, a esmagadora maioria. Todas as Juntas de Freguesia dão o exemplo, são 4.700. Andam a brincar connosco autarcas! Não podemos deixar!”.

As comemorações da Revolução dos Cravos no município da Mealhada iniciaram a 24 de Abril com um concerto da Banda Filarmónica Lyra Barcoucense, dirigido pelo maestro Pedro Cipriano, que decorreu na sede da banda, em Barcouço. à meia-noite de quarta-feira, uma salva de 21 tiros marcaram as primeiras horas do Dia da Liberdade. Já na manhã de quarta-feira, 38 anos depois da Revolução de Abril de 74, a data foi assinalada na Pampilhosa com o hastear da Bandeira Nacional pelos Bombeiros Voluntários e pela Filarmónica Pampilhosense em frente ao quartel dos bombeiros e, posteriormente, na Junta de Freguesia da Pampilhosa.

Em seguida, em frente à Câmara Municipal da Mealhada, assistiu-se à formatura dos Bombeiros da Mealhada e Pampilhosa perante a bandeira nacional, ao hino nacional interpretado pela Filarmónica Lyra Barcoucense, à largada de pombos pelo Grupo Columbófilo da Mealhada e à deposição de uma coroa de flores junto ao monumento aos mortos em combate do concelho.

Seguiu-se a sessão solene da Assembleia Municipal da Mealhada, no Salão Nobre dos Paços do Concelho, onde se ouviram os discursos do Presidente da Câmara, Carlos Cabral, do Presidente da Assembleia Municipal, Miguel Felgueiras e de representantes dos vários partidos políticos. António Neves, do PCP, representou a CDU, Inês Várzeas, independente eleita pelas listas do PSD, a representar o mesmo partido, e Rui Marqueiro, em nome do PS.

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Discurso Miguel Felgueiras (80,8KB)
Discurso Inês Várzeas (47,5KB)
Discurso António Neves (104KB)


(2012-04-30) - Press Release







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