Fernando Correia quer dar uma projeção internacional à Mata do Buçaco

03 janeiro, 2014

Fernando Correia é o novo presidente da Fundação Mata do Buçaco (FMB). O biÓlogo tomou ontem posse, numa cerimÓnia que decorreu pelas 11h na Sala dos Brasões do Palace Hotel do Bussaco. “é um desafio que vai exigir muito de mim, de todos nÓs. Pretendo dar continuidade ao trabalho realizado pelo meu antecessor, aos projetos em curso, mas evoluir ainda mais. Dar uma projeção internacional à Mata do Buçaco é um dos objetivos”, salientou o novo presidente, no final da cerimÓnia. Recorde-se que Fernando Correia foi convidado pelo presidente da Câmara Municipal da Mealhada, Rui Marqueiro, para assumir a presidência da FMB. Uma proposta aprovada, por unanimidade, na passada reunião de câmara de 16 de dezembro.

“A Mata Nacional do Buçaco é o maior museu vivo de Portugal. é também o museu ao ar livre mais antigo de que temos conhecimento”, afirmou Fernando Correia no seu discurso de tomada de posse, que se centrou, sobretudo, nas valências da mata nacional e na importância de dar a conhecer este espaço florestal ao mundo. “Temos de valorizar ainda mais este patrimÓnio e divulgá-lo fora de portas. é importante dar projeção internacional à Mata Nacional do Buçaco”, avançou o novo presidente da FMB.

Confrontado com o que espera do Governo, Fernando Correia disse apenas que pretende um “apoio eficaz”. “Esperamos que o apoio não seja apenas simbÓlico, mas sim eficaz, capaz de suprir algumas das principais dificuldades da Mata Nacional do Buçaco”, salientou, recordando que “o espaço tem vários problemas que têm de ser resolvidos, várias lacunas” e que se trata de um patrimÓnio estatal. “Há muito trabalho pela frente. é um desafio muito exigente, não sÓ para mim, mas para todos nÓs”, concluiu, dirigindo-se à plateia.

A apresentação do novo presidente da FMB foi feita pelo presidente da Câmara Municipal da Mealhada, Rui Marqueiro. “O professor Fernando Correia é sobejamente conhecido nos meios universitários e um apaixonado pela Mata Nacional do Buçaco. Tem reconhecimento científico, vários livros escritos, prémios nacionais e internacionais. é, sem dúvida, a melhor escolha”, avançou o presidente da Câmara, congratulando-se pelo facto do professor ter aceitado o convite da autarquia. “Vamos fazer o que estiver ao nosso alcance para ajudar o novo presidente da FMB”, garantiu Rui Marqueiro, concluindo: “Desejo-lhe as maiores felicidades, sendo certo que lhe arranjei uma grande dor de cabeça”.

Rui Marqueiro explicou ainda que “o processo foi difícil e moroso devido à complexidade da lei”, que leva à existência de várias interpretações. “A Câmara considera que a Lei-Quadro das Fundações não prevalece sobre os estatutos da FMB e procurou perceber a posição do Governo. Foi-nos dito duas semanas depois que, querendo, a Câmara podia nomear o presidente da FMB e avançámos”, adiantou ainda o presidente da Câmara (ver caixa), aproveitando para elogiar o trabalho do presidente cessante, AntÓnio Jorge Franco. “é muito difícil fazer omeletes sem ovos e o Eng. AntÓnio Jorge é merecedor de todos os elogios pela sua ação. Uma ação difícil”, sublinhou.

O presidente da Câmara lembrou ainda que “é preciso um investimento de milhões para recuperar e manter a Mata Nacional do Buçaco”. “Todos conhecemos as dificuldades financeiras que o país atravessa, sabemos que o dinheiro não abunda, mas dinheiro dos portugueses deve ser aplicado para os portugueses e a mata é dos portugueses”, acrescentou, garantindo todo o apoio da parte da Câmara Municipal. “NÓs vamos fazer o que pudermos para recuperar a Mata Nacional do Bussaco”, referiu.

Recorde-se que Fernando Jorge Simões Correia tirou a licenciatura em Biologia na Faculdade de Ciência e Tecnologia da Universidade de Coimbra, é ilustrador profissional desde 1988 – especializou-se em Ilustração Científica e Design da Comunicação – e atualmente é professor de Biologia na Universidade de Aveiro. é autor de mais de 115 obras (algumas sobre o concelho da Mealhada), pioneiro da introdução da Ilustração Científica Digital em Portugal e já foi galardoado com vários prémios nacionais e internacionais. Para além disso, tem uma ligação especial ao concelho da Mealhada, onde aliás reside já há vários anos.

Câmara Municipal defende que FMB deve reger-se pelos seus estatutos
Há uma divergência entre a autarquia e o Governo relativamente à interpretação da lei que rege as fundações. Ao contrário do que defende a Secretaria de Estado das Florestas e do Desenvolvimento Rural – que, por carta, argumenta que, segundo a Lei-Quadro das Fundações, a FMB deve reger-se pela Lei-Quadro dos Institutos Públicos e passar a ter um Conselho Diretivo – a Câmara Municipal considera que no caso da FMB mantêm-se tudo como está, uma vez que os seus estatutos foram criados por decreto-lei e sÓ podem ser alterados também por decreto-lei, tal como a prÓpria Lei-Quadro das Fundações prevê. Ora, uma vez que não existe ainda nenhum decreto-lei de alteração aos estatutos na FMB, esses mantêm-se em vigor, possibilitando assim que Câmara Municipal da Mealhada nomeie o presidente do Conselho de Administração da FMB.

Câmara garante que “fará o necessário” para a construção do telhado do Convento de Santa Cruz
O temporal das últimas semanas levou a que, na noite de Natal, a água da chuva que entrou pelo telhado danificado do Convento de Santa Cruz do Buçaco tenha provocado um curto-circuito que originou um incêndio que destruiu um dos mais valiosos quadros de arte sacra existentes no Buçaco: a tela “Sagrada Família”, da pintora espanhola Josefa de Óbidos, que viveu em Portugal no século XVII. Um assunto que foi abordado pelo presidente da Câmara, Rui Marqueiro, durante a cerimÓnia de tomada de posse do novo presidente da FMB. Rui Marqueiro falou dos estragos provocados pela intempérie, da destruição da tela de Josefa de Óbidos e garantiu que “a Câmara Municipal fará o que for necessário do ponto de vista financeiro para que o Convento e a capela tenham um telhado novo”.