Presidente apoia "ação popular" contra a fábrica Alcides Branco
08 outubro, 2014A fábrica Alcides Branco & C.ª S.A. voltou a ser assunto, ontem, na reunião do Executivo Municipal da Mealhada. O presidente da Câmara, Rui Marqueiro, fez saber aos presentes que a providência cautelar da autarquia contra a unidade fabril “está quase a dar entrada no tribunal” e manifestou todo o seu apoio para com um grupo de cidadãos que, segundo soube, se prepara para acionar uma ação popular contra a fábrica da Lameira de Santa Eufémia. “Soube que um conjunto de cidadãos pondera avançar com uma ação popular. Se houver, eu apoio, porque vejo isso com bons olhos. Não vou incentivar, mas apoio”, sublinhou o presidente da Câmara, solicitando para que a sua declaração ficasse registada, na ata da reunião do Executivo Municipal.
é o assunto mais falado dos últimos meses, seja em reuniões do Executivo ou da Assembleia Municipal, e ontem não foi exceção. Os prejuízos causados pela laboração da fábrica Alcides Branco & C.ª S.A. voltaram a ser tema de conversa na reunião de Câmara de ontem, com o presidente Rui Marqueiro a deixar clara a sua posição. “Eu não quero que a fábrica feche. Eu quero é que ela opere legitimamente, sem causar prejuízos ambientais para ninguém”, esclareceu o autarca, concluindo: “Se protestamos, é porque estamos contra a fábrica. Se não protestamos, é porque somos coniventes. Ora, o que eu sei é que a estância termal do Luso está a sair muito lesada com tudo isto”. “O município está a ser gravemente afetado por esta fábrica, pelos moldes em que labora, e isso não posso permitir”, reiterou.
Rui Marqueiro disse aos presentes que teve conhecimento que um grupo de cidadãos está a pensar em avançar com uma ação popular contra a unidade fabril e deixou claro que, se assim for, essa terá o seu apoio. “Se houver (ação popular), eu apoio, porque vejo isso com bons olhos. Não vou incentivar, mas apoio”, afirmou o autarca, garantindo que essa será a sua posição também enquanto cidadão do concelho da Mealhada. O presidente da Câmara falou ainda do recente parecer da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro (CCDRC) sobre a laboração da unidade fabril, que diz estar tudo em conformidade, considerando-o “inaceitável”. “Dizem que está tudo em ordem, mas não entendo como. Este cheiro nauseabundo pode destruir todo o trabalho que a autarquia tem feito para impulsionar a economia local. é preciso que a economia local perceba que vai perder mais se se mantiver a fábrica a laborar desta maneira, do que se a fecharem. A estância termal do Luso está a ser gravemente afetada”, afirmou.
Rui Marqueiro informou ainda a vereação do que sucedeu na reunião que teve com o secretário de Estado do Ambiente, Paulo Lemos, na sexta-feira, dia 26 de setembro, em Lisboa. “Eu e o deputado Bruno Coimbra fomos recebidos pelo senhor Secretário de Estado, que nos disse que estava a estudar o dossier. Nesse dossier já estava lá o célebre parecer da CCDRC. O senhor Secretário de Estado mostrou vontade em inteirar-se do assunto e agora vamos aguardar”, informou o presidente.
Questionado pelo vereador João Seabra, da coligação “Juntos pelo Concelho da Mealhada” sobre a importância da restauração e dos hoteleiros do Luso fazerem chegar queixas à Câmara, Rui Marqueiro informou ainda que “muitos têm reclamado, inclusive para o Serviço de Proteção Nacional (SEPNA) da GNR”. “Todas as iniciativas são boas, sejam reclamações, ações populares, abaixo-assinados. é preciso é parar com aquele atentado ambiental”, concluiu o presidente.
Recorde-se que este assunto já foi várias vezes discutido em reuniões de Câmara e que o Executivo Municipal mostrou sempre consenso na resolução urgente deste problema. Para além disso, a população tem levantado a sua voz contra a unidade fabril e criou mesmo um movimento nas redes sociais, o “Baganha Basta”, que tem crescido e já levou centenas de apoiantes a publicarem uma fotografia com uma máscara no seu perfil, como forma de protesto contra a poluição ambiental, os maus cheiros e todos os prejuízos causados pela fábrica Alcides Branco.
Importa ainda sublinhar que a Assembleia Municipal da Mealhada aprovou por unanimidade, na passada sessão de 26 de setembro, uma moção contra “as lamentáveis e dramáticas evidências de poluição que decorrem da laboração da unidade industrial da empresa Alcides Branco & C.ª S.A.”, que opera na freguesia do Luso, concelho da Mealhada, lê-se no texto. A moção pretende manifestar o repúdio de todos os subscritores pela poluição decorrente da atividade da unidade fabril, exigir aos órgãos competentes medidas eficazes para que a lei seja cumprida por parte da empresa e apoiar a expressão pública de contestação e repúdio por parte dos cidadãos e da Câmara Municipal perante esta situação. Uma posição que, segundo o texto dessa moção, é para ser entregue a várias entidades governamentais.
(2014-10-08) - Press Release