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Herança carmelita em debate

31 março, 2015

Herança carmelita em debate

Num seminário dedicado à herança edificada dos carmelitas foram debatidos os materiais utilizados na construção deste património, as técnicas, as esculturas... e a paisagem cultural que envolve este Deserto Carmelita. Cerca de uma centena de pessoas assistiram a este debate: desde especialistas da área patrimonial até à população em geral.

Na passada sexta-feira, dia 27 de março, cerca de 100 pessoas assistiram, no Palace Hotel do Bussaco, ao debate de 14 especialistas na temática do património edificado do Buçaco, um legado centenário dos carmelitas descalços, organizado pela Fundação Mata do Buçaco, F.P., pelo Município da Mealhada e pela Universidade de Aveiro.
Na mesa de abertura estiveram presentes o Presidente da FMB, F.P. Eng António Gravato, o Magnifico Reitor da U.A., Prof. Dr. Manuel Assunção e o Vereador José Calhoa do Município da Mealhada. António Gravato iniciou a sessão agradecendo a presença de todos, realçando a importância deste seminário para a FMB, F.P., que pretende marcar um momento decisivo para as ações de salvaguarda e proteção do património edificado do deserto dos Carmelitas Descalços do Buçaco.

Os trabalhos iniciaram-se com a apresentação e enquadramento do Departamento do Património Edificado/Paisagístico & Cultura da Fundação Mata do Buçaco, por parte do técnico Filipe Teixeira, parte integrante da estrutura orgânica da FMB, F.P. departamento responsável pela gestão do património edificado. Tendo sido enumeradas as várias e extensas tipologias arquitectónicas do património edificado do Buçaco.
A professora Maria de Lurdes Craveiro de forma eloquente e apaixonante enquadrou a fundação do Deserto Carmelita no Buçaco, com destaque para a característica muito singular deste espaço e da sua vocação religiosa e como deste espirito sacro o Buçaco se transformou num lugar cosmopolita após extinção do convento e a abertura ao público deste lugar reservado. A Arquiteta Paisagista Teresa Portela Marques, enquadrou o legado construído de vários séculos no contexto paisagístico, caracterizando este lugar de uma Paisagem Cultural, isto é uma paisagem em que concorrem tanto os elementos intrinsecamente naturais com a intervenção humana.
O Arquiteto Joaquim Oliveira revelou o trabalho realizado e amadurecido do projeto reabilitação do património edificado do Buçaco onde se preconiza a intervenção integrada de restauro de todas as tipologias arquitetónicas. Os trabalhos da manha terminaram com a apresentação do mestre em engenharia civil (UA) Filipe Ferreira onde são caracterizados fisicamente os diversos materiais empregues na construção do edificado do Buçaco.

A sessão de trabalho da parte da tarde iniciou-se com a apresentação do mestre em engenharia civil (UA) Rui Veiga do levantamento e análise em contexto do resultado dos fenómenos climatéricos extremos que assolaram a mata do Buçaco do risco adjacente que o património edificado nomeadamente a via-sacra poderá sofrer.
A investigadora Cristina Morais, com a sua simpatia revelou a história das esculturas da via-sacra e do seu processo construtivo, das várias versões existentes entretanto desaparecidas, do conjunto escultórico encomendada a Bordalo Pinheiro que nunca chegou ao Buçaco e das esculturas existentes da autoria de Costa Mota sobrinho. A magnetizante dupla constituída por José Meco e Teresa Peralta falaram-nos dos ricos e singulares revestimentos aplicados à arquitetura: os embrechados e os painéis de azulejo tendo sido mesmo revelados importantes e originais documentos sobre a maior coleção em situ de painéis de azulejo do século XVII.
A dupla constituída por Ana Velosa e Luís Mariz, demonstraram a importância nem sempre dada no passado à argamassa enquanto elemento muito específico da edificação do Património no Buçaco. O engenheiro Paulo Cachim demonstrou e ilustrou de uma forma alargada a importância da madeira como elemento estrutural do património edificado, resistência enquanto material e como salvaguardar. A professora Elizabeth Kastenholz, abordou a importância do turismo como elemento essencial no enquadramento do turista cultural para a promoção e capacitação da oferta do património nesta atividade cada vez mais alargada e em que década para década se tem alargado em praticantes.

O Seminário terminou com a apresentação do portfólio do parceiro da Fundação Mata do Buçaco, F.P., a Umbelino Monteiro, empresa que vai doar a cobertura para o restauro da ermida de S. José, no workshop brevemente. Com este seminário a FMB, F.P. pretendeu reunir no mesmo dia uma série de especialistas para definirem o que é o património edificado do Buçaco com vista a delinear estratégias a um médio e longo prazo do restauro deste património. A abertura das inscrições à sociedade civil possibilitou divulgar o património do Buçaco, mas também sensibilizar toda a população sobre a problemática do restauro de um património histórico. Com este evento foi dado o primeiro passo para um conjunto de atividades a serem desenvolvidas pela FMB, F.P. sob a temática do património, ou seja, prevê-se que ainda durante este ano sejam realizados workshops e debates sobre temas específicos do património edificado do Buçaco, como por exemplo os azulejos ou os embrechados.
O início dos trabalhos de restauro da Ermida de S.José irá marcar o primeiro ato de restauro do património pela FMB, F.P. tendo como base estudos científicos (pela Universidade de Aveiro). Até agora os trabalhos efetuados pela FMB, F.P. foram de manutenção e previam a salvaguarda do património, no entanto, e como foi diversas vezes referido pelos oradores convidados, o ato de restauro implica metodologia e estratégia, que neste momento já se encontram reunidas para o restauro da Ermida de S. José.

(2015-03-31) - Press Release







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